sexta-feira, setembro 15, 2006

O Apito Dourado e o dossier anunciado III


Contra factos não há argumentos.

Mas quando nem todos os factos são conhecidos, é difícil argumentar.

Facto 0 - Em 2002 é eleita a "nova" direcção da Liga Portuguesa de Futebol Profissional presidida por Valentim Loureiro, e apoiada pelo benfica, que "sugere" Cunha Leal para Director Executivo. Luís Filipe Orelhas desvaloriza nesse mesmo dia a contratação de Jankauskas (ex-jogador dos milhafres) pelo FC Porto, argumentando que a vitória nas eleições da Liga era mais importante.

Facto 1 - O processo Apito Dourado é divulgado em 2004.

Facto 2 - O processo Apito Dourado chama-se assim pois é iniciado por uma investigação relacionada com o Gondomar SC. Clube que, entre outras coisas, tem o hábito de oferecer um apito em ouro (ou banhado a ouro) aos árbitros que apitam jogos em sua casa.

Facto 3 - Surgem dezenas de nomes relacionados com este processo incluindo o nome do presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional - Valentim Loureiro - e o nome do Presidente do Futebol Clube do Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa. As suspeitas referem corrupção e tráfico de influências.

Facto 4 - O presidente do benfica, Luís Filipe Orelhas e o seu compadre, José Penteadinho, anteriormente apoiantes de Valentim Loureiro começam a atirar postas de pescada, referindo continuamente que o futebol está podre e que os culpados do processo Apito Dourado deveriam ser acusados e afastados do futebol.

Facto 5 - Luís Filipe Orelhas anúncia aos sete ventos que lhe foi entregue um dossier que, segundo ele, tem documentos que provam factos gravíssimos que se passaram no futebol português. Estranhamente, mantém o dossier em seu poder durante semanas sem o divulgar às autoridades.

Facto 6 - Um director do benfica anúncia que vai remeter o dossier ao Ministério Público.

Facto 7 - Surgem passagens no jornal Público de escutas de conversas telefónicas entre Luís Filipe Orelhas e Valentim Loureiro. Nestas escutas, Luís Filipe Orelhas escolhe literalmente o árbitro para um jogo da Taça de portugal baseando-se em argumentos do tipo "Isso é tudo Porto!". O jogo era com o Belenenses. Estas escutas não dão origem a qualquer processo.

Facto 8 - Surgem passagens no jornal Público de escutas de conversas telefónicas entre Pinto da Costa e Valentim Loureiro. Nestas escutas, Pinto da Costa, confrontado com as opções para arbitrar a Final da Taça de Portugal, aceita o árbitro Pedro Henriques por ser o melhor classificado pelo conselho de arbitragem. Esta escuta levou o procurador a entender que havia indícios de crime. Segundo o mesmo, "aquela conversa do líder do FC Porto significava então que o dirigente estava a influenciar a escolha do árbitro e assim tentava obter benefícios para o FC Porto".

Facto 9 - O mesmo jornal Público divulga escutas de conversas telefónicas entre José Penteadinho e Valentim Loureiro. Nestas escutas, o Penteadinho tenta que um castigo que iria interditar o estádio do Marco de Canaveses coincidisse com a recepção do Estoril. José Veiga foi constituído arguido na sequência das escutas feitas.


Eu sou contra todo o tipo de corrupção.
Gosto de ver o meu clube a ganhar no campo e de forma merecida.
Não acho bem que os clubes escolham os árbitros e, honestamente, não sabia que o conseguiam fazer.
Sou da opinião que todos os que cometem crimes devem ser punidos.

Mas há outra coisa que eu não gosto e que tem sido, só e apenas, a base dos dois últimos posts. Eu não gosto de gente falsa, que tenta sempre transmitir a imagem de puritanismo, mas que na realidade não são melhores do que os outros.

Eu sei que os milhafres gostam de ter um presidente que afronta o FC do Porto e o seu Presidente. Sei que ficam sempre inchados de cada vez que o faz. Ainda devem estar em extâse com as declarações do franguetto e marco ferreira nas respectivas apresentações..
Apenas demonstram falta de inteligência, mas isso não é problema meu!

O problema é que o Luís Filipe Orelhas e o seu director penteado se fartam de apontar o dedo quando não passam de mercenários que ganharam protagonismo à conta do futebol e, curiosamente, quando eram amigos de Pinto da Costa.

A questão do dossier é apenas um exemplo. Qual é a legitimidade do presidente do benfica falar do tal dossier quando ele próprio está referenciado? Porque será que demorou tanto tempo a entregar o dossier? A minha teoria é simples: tinha de garantir que as referências a si, ao seu clube e ao seu director penteadinho eram todas retiradas. E, quem sabe, se não vendeu a retirada de referências a outras personalidades e clubes em troca de futuros apoios?

Gostava ainda de saber porque é que as escutas ao Luís Filipe Orelhas não foram consideradas como indício de crime. Parece-me que facilmente se pode considerar que as declarações indiciam que o "dirigente estava a influenciar a escolha do árbitro e assim tentava obter benefícios para o" benfica, tal como foi considerado em relação a Pinto da Costa.
Acho que este facto não abona em nada o Luís Filipe Orelhas. Pior do que isso, esta dualidade de critérios apenas prejudica (ainda mais) a credibilidade da justiça portuguesa. Mas também, depois de casos como os de Felgueiras, Adelino Ferreira Torres, Valentim Loureiro, Isaltinos e afins, não tenho dúvidas em considerar tudo como farinha do mesmo saco: sonsinhos, mas com as costas quentes.

Basta de demagogias!

Por mim, tudo se resume a uma expressão:
Quem tiver telhados de vidro, que não atire pedras ao telhado do vizinho.

PS: Não sou tripeiro, mas sou portista. Não me considero faccioso, mas se calhar sou-o tanto como qualquer benfiquista quando se refere ao FC Porto ou a Pinto da Costa.