sexta-feira, maio 27, 2005

E coragem?

As medidas apresentadas por José Sócrates com vista à descida do défice têm uma situação que não se viu nos tempos mais recentes.
Finalmente, um governo quer equiparar as regalias do sector público com as regalias do sector privado. Obviamente que, como funcionário do sector privado, eu preferia que fosse ao contrário, mas sei que o tempo não é de facilidades. O facto é que não se aceita que, num estado dito democrático, haja uma disparidade tão grande entre as regalias dos trabalhadores.

Aplaudo também o fim das escandalosas reformas dos políticos que ao fim de uma dúzia de anos a coçar os
t*%@1€$ e a gozar com os Portugueses, ainda saem com reformas vitalícias e com subsídios de reintegração. Apenas fico com a dúvida se esta medida abrange apenas os que virão, ou se inclui também os actuais titulares de cargos políticos, nomeadamente o próprio José Sócrates.

Já em relação ao aumento dos impostos directos, não me parecem medidas justas.
Numa altura que o poder de compra baixou para níveis de há muitos anos atrás, e quando o desemprego continua a aumentar, esta será uma medida que, acima de tudo, irá aumentar as dificuldades dos menos ricos. Pode parecer pouco, mas gastar mais 10€ em impostos por mês para quem já tinha de fazer contas ao fim do mês não me parece justo.
Da mesma forma, o aumento do imposto sobre combustíveis a acrescer aos aumentos provocados pelo preço do crude será uma situação que não beneficia em nada o cidadão comum.
Já o imposto sobre tabaco e as extinção de pelo menos algumas SCUTs parecem-me medidas menos más, pois não se tratam de bens indespensáveis. Se bem que no caso das SCUTs, é meu entender que o estado devia prestar um melhor serviço aos Portugueses, disponibilizando vias de comunicação em condições, de forma gratuita.

Uma coisa é certa, parece que este governo não quer só aumentar a receita (como outros o fizeram), mas sim controlar também a despesa. E a verdade, é que as despesas do estado são um absoluto escândalo.

Se Sócrates conseguir implementar todas as medidas anunciadas de forma rápida e eficiente terá o meu aplauso. E quando digo rápida, é com efeitos imediatos, nomeadamente no fim das regalias dos políticos e dos funcionário públicos.

Não vale a pena aumentar o IVA para a semana e cortar nas despesas em Janeiro.

Já agora, um breve comentário ao real valor do défice:

É vergonhoso como os recentes governos do PSD andaram cerca de três anos com o discurso da tanga, a delapidar património do estado e a sugar os Portugueses, para no final se atingirem os valores recentemente anunciados.
Pior ainda, foi o discurso junto às eleições (do qual destaco a treta da dívida dos clubes de futebol - como se fizésse uma grande diferença nos valores apurados) em que anunciavam uma retoma da economia, como se tudo estivesse resolvido.
A única interpretação que se pode tirar é que essa gente é uma de duas coisas: ou são mentirosos e sabiam a situação do País ou, pior ainda, não sabiam e não passam de incompetentes.
Num caso ou no outro, a verdade é que não mereceram 1€ dos milhares que custaram ao estado e mereciam entrar para uma lista negra de "Gente que não autorizada a ter qualquer função no estado devido a incompetência ou desonestidade comprovada!"